domingo, outubro 25

Flash


Hoje acordei com vontade de gritar ao mundo, com vontade de sorrir para ele e correr atrás do sonho.
Hoje acordei com vontade de seguir instintos, de saltar o muro, de perder os medos, de esquecer os outros.
Hoje desejei só ser eu e o meu desejo.
Hoje desejei sentir-me livre, vestir o meu vestido mais cómodo e correr para longe, sentir a suavidade do tecido a acomodar-se no meu corpo, deslizando sobre a minha pela macia. Queria que o vento me invadisse a alma e me deixa-se simplesmente ser eu, nua de todos os maus marcados, me deixa-se correr descalça sobre as folhas típicas de Outono, queria vestir o amarelo, o laranja, os castanhos e os vermelhos desta estação. Queria sorrir sem medos e correr atrás da brisa que no desenlace dos momentos me invadia e eu reconhecia como tua.
Sentada sobre o parapeito da janela pensava cautelosamente como um eu-tu-nós, pensava nisto como algo para além do sonho, algo muito mais fascinante do que sonho, pensei nisto transparecido para a realidade, a minha realidade.

Hoje acordei com saudade. Hoje acordei com aquela vontade interior de correr por ai, de sonhar que...,talvez!

segunda-feira, outubro 19

teus olhos...


"Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando."

Pablo Neruda

sábado, outubro 17

Agora Mesmo

"Agora Mesmo

Está gente a morrer agora mesmo em qualquer lado
Está gente a morrer e nós também

Está gente a despedir-se sem saber que para
Sempre
Este som já passou Este gesto também
Ninguém se banha duas vezes no mesmo instante
Tu próprio te despedes de ti próprio
Não és o mesmo que escreveu o verso atrás
Já estás diferente neste verso e vais com ele

Os amantes agarram-se desesperadamente
Eis como se beijam e mordem e por vezes choram
Mais do que ninguém eles sabem que estão a
[despedir-se

A Terra gira e nós também A Terra morre e nós
Também
Não é possível parar o turbilhão
Há um ciclone invisível em cada instante
Os pássaros voam sobre a própria despedida
As folhas vão-se e nós
Também
Não é vento É movimento fluir do tempo amor e morte
Agora mesmo e para todo o sempre
Amen"

Manuel Alegre, in "Chegar Aqui"

terça-feira, outubro 13

nem traço


Hoje acordei e hoje sim, reparei que o caminho que me trouxe ate ti esta a cerrar. Aquele comboio já não é o mesmo que me embalou até aqui, tem outro destino e as carruagens não são as mesmas. As pessoas que embarcam olham para mim de forma discrepante como se eu não pertencesse aquele mundo, e nao pertenço. É um destino que não calculei para a minha vida. O comboio que me trouxe mudou de rota, de rumo, de direcção, de via. Não é mais o mesmo comboio. A mala, as roupas, o meu cabelo, o meu tom de voz, os meus sonhos, o meu toque, o meu brilho no olhar… nada mudou! Só o destino…! As vezes a luz irradia os meus olhos como se tivesse objectivo de me roubar de ti ou talvez de te roubar de mim! E é mesmo assim!

domingo, outubro 11

aquele!




E sempre bom olhar pela janela e ver todos os imbecis a correr, a criticar, a falar, a meterem-se na vida dos outros. É sempre bom porque me fazem rir, são sempre tão ridículos. É assim que é e sempre vai ser...mas, há sempre um, um que se destaca por entre todos os seres ridículos como vegetais plantados no jardim, aquele que quando falamos nega ouvir a nossa voz, nega saber do nosso espírito, nega saber da nossa presença! Há sempre um!

e' estranho, nao e'?


Olho em frente, o espelho reflecte o meu rosto cansado e perturbado. O meu olhar meigamente doce e único revela todo o sentimento de angustia que atormenta a minha mente, os meus olhos brotam a lágrima que ansiavam cair e com pressa corre sobre o meu rosto uma atrás da outra lembrando duas crianças correndo sobre o campo!O meu coração aperta, dói! Neste singelo minuto uma brisa percorre o meu corpo gelando as mãos, o meu corpo parou, a minha mente parou e naquele momento somente uma imagem ficou na minha mente: o teu rosto! Não te vás embora! És especial. O sol ainda brilha lá fora sabias?!

sábado, outubro 10

minimamente... certo!

Não sei distinguir o certo do errado!
A luz que ilumina esta sala e fraca, mas permite-me uma visão geral das coisas. A minha mente tenta retratar o real mas mesmo assim eu não consigo entender, não consigo. Para mim dava para facilitar. Chega de hipocrisia, chega de cinismo, quero a minha vida de volta e só a minha vida, não a vida dos outros fixa na minha, entrelaçada, de nó feito e inquebrável.
Porque temos sempre junto da nossa, a vida dos outros?! Eu não quero. Dispenso!
Se ao menos eu pode-se fugir para bem longe, Júpiter talvez. Se houvessem varias opções…mas não. Só tenho esta, e e' assim que fico, e' assim que tenho que estar.
As vezes interrogo-me porque tem que ser assim e não de outra forma qualquer?! Porque não somos todas princesas ou príncipes?! Porque não vivemos no encantado onde tudo gira em torno de cada um de nos, onde tudo brilha e as flores encantam todos os espaços?! Sim, as flores. No meu sonho, no meu pensamento, haveriam imensas por toda a parte, tantas e de tantas qualidades, cores impressionantes… mas o perfume, nada distinguiria os perfumes de cada uma, todos os aromas misturados, uma alegria de tons, uma alegria de fragrâncias. Emoções!
Mas não, isto e mesmo só no meu sonho. Sempre que acordo, a realidade espera-me, sempre a espera que eu a enfrente, mas eu só quero a minha vida, só quero enfrentar a minha realidade… para mim é certo, para a minha realidade é sempre errado!