domingo, junho 14

apoio...'


A vida cheira muitas vezes a maresia. Tão leve como o mar, tão suave como a água, mas por vezes, somos levados por ondas, bruscas e incertas, que nos arrastam a rochas, batemos com a cabeça, e perdemos a noção do tempo, da maré, das horas, do cheiro e do sabor. Perdemos o gosto de viver. Mergulho e bato bem fundo, a areia levanta e fica uma nuvem de poeiras onde nada se distingue e a minha cabeça imagina-me sozinha. Escuto uma voz, um apoio…um búzio. Peguei-o. Peguei-o uma vez e agora esta sempre entre as minhas mãos, sabe como estou e o que sinto e apoia-me. Há sempre algo que nos ajuda a chegar à margem e nos levanta, nos dá atenção e um certo carinho para nos podermos elevar e voar. Voar de felicidade, voar de alegria, voar como uma borboleta, voar como se não existissem limites, e simplesmente voar. Sentirmo-nos em liberdade.
Apresentas uma cor clara e calma, costumo ouvir o mar quando te encosto sobre o rosto, costumo sentir-te a apoiar-me quando o faço.
Coloco a tela, preparo as tintas, amarro os pincéis e busco a minha paleta preferida. Tive um sonho, estavas lá. Interpretei que agora fazes parte da minha vida, dos meus amigos e quero-te onde guardo todos os outros.
Descrevo-te num quadro, um horizonte azul que condiz com os teus olhos, um olhar calmo e alegre, cristalino, transparente e impressionável. Pinto um leque de cores quentes de verão, tens uma personalidade forte e empreendedora, uma camélia em que brotam as suas pétalas e me recordam o teu sorriso divertido e inócuo, uma faixa branca cor de paz. Terminei-o e cada vez que o olho sinto o teu apoio.
Agora, só pretendo que sonhes, que fantasies, que devaneies, que sintas o domínio do encantado.
Deambulo pelos acontecimentos dos últimos tempos e retrato-os. O nosso sonho desvanece a cada segundo e sinto um apoio mútuo. Sinto uma base de amizade.
Lembra-te que “para quem vive a sonhar é muito mais fácil viver”.

sábado, junho 13

erro...ILUSÃO!

Lembra-te do ontem, do hoje. Falar do amanha e' demasiado subjectivo para mim. Estou aqui, sozinha não importa, estou aqui e o meu olhar percorre todas as paisagens deste lugar fascinante que me embala o pensamento ao teu encontro. Relembro agora o nosso passado, o sorriso alcançado foge agora de mim e as lágrimas divulgam-se, correm sem cansaço nas maçãs avermelhadas do meu rosto de menina. Uma brisa alcança-me o peito, um arrepio solene percorre o meu corpo e por instantes sinto-me perdida. O esvoaçar de uma borboleta renasce o meu sonho de criança, sinto-me solta, sinto-me entregue ao mar, sinto-me nua, vazia, sinto-me como o arco-íris sem o céu, ou a lua sem o sol. Estou revoltada e so me apetece gritar. Partis-te e agora anseio desmesuradamente a tua chegada.Passo o dia a olhar a porta, à noite recosto a cabeça na almofada e faço como sempre fazia: olho a cobertura branca do meu quarto, aquela tela que cobre todo o meu espaço e pinto um quadro só nosso. Cada traço do teu rosto, a expressão do meu, cada pincelada, cada olhar terno, tudo tão real. Faço-o ate que o sono me encontre e me leve para o mundo do encantado, para as histórias de princesas onde me perco e e me seduzem com a alegria.Vivo sonhos como realidades mesmo sabendo que tudo não passa de pura imaginação. Queria perturbar o teu sono delicadamente e sem que te apercebesses caísses sobre um abraço profundo que te envolve-se e toca-se o coração, queria que os meus lábios deslizassem sobre os teus e se amarrassem sem que nada os impedisse, queria olhar-te enquanto dormes e estar bem perto de ti, queria acordar-te em voz baixa e dizer-te o que realmente sinto, queria sentir-te comigo. Mais tarde relembrar-te-ei o que hoje te digo e não queres ouvir. Lembra-te, é pura ilusão. Será responsabilidade do sol? Das nuvens? Do vento? Do tempo? Será que o tempo leva as mágoas e me deixa viver? São retóricas da minha cabeça. Perguntas sem resposta. Descrevo-nos como mistério, como duas incógnitas.